“Espaço de aprendizagem aberto” – aprendizagem eficaz através do interesse próprio do aluno
A base contínua para todas as ações e formas de aprendizagem da Escola da Esperança é constituída pelo “Espaço de aprendizagem aberto”: em espaços apelativos ordenados por áreas disciplinares, os alunos encontram materiais didáticos estimulantes que correspondem aos diversos níveis de aprendizagem (materiais Montessori, entre outros). A ampla oferta permite que os alunos sigam os seus interesses em função do seu desenvolvimento, e que possam assim investir, da melhor forma, na sua educação. Nesse processo, é fundamental a possibilidade de aprender ativamente com recurso a materiais concretos, o que permite uma aprendizagem holística e uma compreensão abrangente. Ter tempo suficiente para grandes períodos de concentração e a livre escolha do material de aprendizagem possibilita ao aluno aprofundar cada vez mais a descoberta de si mesmo e assumir a responsabilidade dos seus próprios atos.
“A tarefa da educação é a de organizar este ambiente de tal forma que daí provenham ótimos estímulos de crescimento e aprendizagem, de acordo com as “fases de sensibilidade” da criança. Isto é o que Maria Montessori designa por “meio preparado”. (…) O meio preparado deve estimular a criança, colocando-a em posição de seguir os seus interesses na aprendizagem.” (Horst Klaus Berg – Maria Montessori, mit Kindern das Leben suchen, [Á descoberta da vida com as crianças] pág.28)
Aprender com alegria
As crianças aprendem com uma alegria incrível, conquistando gradualmente o meio em que estão envolvidas. No cerne da Escola da Esperança encontra-se a alegria na aprendizagem, enquanto fundamento para a aprendizagem ao longo da vida, ao estarmos disponíveis para a inovação e para um contínuo desenvolvimento.
O espaço de aprendizagem aberto oferece às crianças um meio ambiente com muitos estímulos interessantes. Este oferece espaço para brincar, assim como para uma emergente alegria silenciosa, interesse e curiosidade, como também para um repentino entusiasmo conjunto perante um tema, e para processos espontâneos e criativos no grupo.
Compreender através do interesse
A compreensão real só ocorre quando todo o organismo está envolvido no processo de aprendizagem e quando o aluno é estimulado, por meio do seu interesse, a querer saber cada vez mais:
“Porque só quando os alunos adquirirem novos conhecimentos com prazer e entusiasmo, adquirindo novas capacidades e competências, é que os centros emocionais no seu cérebro serão ativados. Só nessa altura se chega às extremidades das extensões das células nervosas aí existentes para a distribuição dos chamados transmissores neuro-plásticos que fazem com que todas essas associações de neurónios utilizadas de forma especialmente intensiva no estado de entusiasmo, contribuam para o aumento da formação das tais proteínas necessárias ao desenvolvimento de novas ligações das células nervosas e à formação de novos contactos entre as células nervosas. O entusiasmo funciona assim como adubo para o cérebro.” (Gerald Hüther, neuro-cientista)
A disciplina
“A disciplina é uma forma de auto-regulação consciente” (Wikipédia). A capacidade de dirigir a atenção e a energia de forma consciente, e a vontade de construir, de ficar concentrado numa tarefa, é uma qualidade importante no célere ritmo de vida da época de consumo em que atualmente vivemos. Todavia, esta será altamente necessária num futuro que clama por pessoas responsáveis e empenhadas.
A auto-disciplina não surge do facto de se ter aprendido a satisfazer necessidades definidas por outrem, mas da aquisição da força interior para seguir uma linha de tensão. No momento em que a criança encontrou uma tarefa a que se dedica com toda a sua atenção surge nela uma força e uma vontade que dificilmente poderiam ser geradas externamente. Esta força alimenta a criança de tal modo que fortalece a sua auto-confiança. Esta confiança confere-lhe a força para ousar avançar por áreas cada vez mais desconhecidas e para perseguir um objetivo de forma perseverante.
“Para Maria Montessori a ‘polarização da atenção’ significa muito mais do que um processo cognitivo para o aumento da capacidade de absorção intelectual. Ela tinha a convicção de que se tinha encontrado aqui uma chave para o desenvolvimento das forças mentais e psíquicas: as crianças que vivenciam este processo de concentração uma e outra vez descobrem as suas próprias forças, têm a perceção de si próprias enquanto sujeitos no seu trabalho, são capazes de uma forte auto-disciplina e encontram-se a si mesmas.”(Horst Klaus Berg – Maria Montessori, mit Kindern das Leben suchen, [Á descoberta da vida com as crianças] pág. 26)
Um ambiente de aprendizagem “disciplinado” na sala de aulas é proporcionado pelo estudo intenso de conteúdos de elevado interesse para os alunos, bem como por um clima de confiança e de respeito mútuo. A tarefa do professor é conseguir proporcionar este clima.
O tempo nos processos de aprendizagem
Para que possa existir concentração interior e, com esta, elevada eficiência, são necessários longos períodos de tempo, durante os quais os alunos abordam e aprofundam temas, sem serem interrompidos.
A par das fases de inspiração e de concentração, as crianças também experienciam momentos de vazio, de busca, às vezes até de “aborrecimento”. Ao experimentarem estes movimentos interiores, sem que sejam de imediato corrigidas ou instigadas a fazer algo, as crianças aprendem a conhecer-se cada vez melhor. Apercebem-se de que a aprendizagem ocorre em ritmos alternantes de quietude e ação, oscilando, girando, quando os períodos de aprendizagem não são compartimentados em fragmentos demasiado pequenos. Forma-se uma vigorosa confiança na sua própria personalidade, força e auto-eficácia, a que irão recorrer mais tarde, noutros momentos da sua vida, para fazer face a situações desafiantes.
O jogo livre: exercício da novidade e processamento das impressões
O psicólogo do desenvolvimento Jean Piaget descreve quão eficaz é a aprendizagem quando a criança brinca livremente: no jogo, as crianças não só exercitam capacidades recentemente adquiridas em todas as variantes possíveis e sem se cansarem (jogo de exercício), como também processam e integram experiências e impressões desafiantes (jogo simbólico), para que possam sentir-se de novo livres e com vontade de abraçar o que é novo. Nem o “exercício” da novidade de forma viva e permanente, nem o processo de “auto-clarificação” se podem atingir externamente com a mesma qualidade. Alcançam-se pela ausência de intencionalidade inerente a brincar livremente e através de toda a ligação interior com as nossas próprias ações. Assim, atribui-se um grande significado ao jogo livre enquanto parte do espaço de aprendizagem aberto.
As propostas e os contributos individuais
Os professores apresentam diariamente propostas nas diversas disciplinas, em função do nível de aprendizagem dos alunos. Estas propostas têm por objetivo apresentar novos materiais (novos conteúdos de aprendizagem), por forma a inspirar os alunos e a incentivá-los a experimentar coisas novas, para que estes possam assim alargar o seu espetro de atividades. O professor introduz igualmente nestas propostas temas atuais relacionados com os processos de aprendizagem dos alunos, de modo a aprofundá-los. Estes contributos ou propostas de aprofundamento podem ser apresentados a todo o grupo, ou também individualmente durante o contacto com um aluno. O entusiasmo demonstrado por cada um deles relativamente ao tema é a faisca que inflama um espaço mental e espiritual comum.
As propostas no grupo de aprendizagem são basicamente voluntárias, de modo a que os alunos que já estão imersos numa determinada atividade não a tenham de interromper.
O aprofundamento através da ajuda mútua
No espaço de aprendizagem aberto, as crianças experienciam tanto o papel de ajudante como o do quem procura ajuda. Assim, para além de se aperceberem de que juntos chegamos mais longe, as crianças aprofundam também permanentemente as suas próprias capacidades: Através da explicação de um conteúdo, quem presta ajuda testa-se a si próprio, verifica qual o seu grau de confiança em determinada matéria e consolida o seu próprio conhecimento.
Falar sobre processos de aprendizagem, formular objetivos e documentar passos importantes
Em conversas individuais e no círculo realizado diariamente, os alunos aprendem a formular e a comunicar os seus passos de aprendizagem. No seu diário de aprendizagem documentam os passos importantes e as novas conquistas. À medida que vão crescendo, o facto de “empreenderem algo e atingirem um objetivo” reveste-se de maior importância. São introduzidas e monitorizadas estratégias de aprendizagem como a formulação de objetivos, o planeamento da semana e os exercícios direcionados para competências a alcançar.
Gabinete de aprendizagem – espaço de aprendizagem aberto na “Secondary” (a partir do 3º ciclo)
Também o espaço de aprendizagem aberto a partir do 3º ciclo deve ser concebido de modo a que os alunos tenham a possibilidade de dar os seus passos de aprendizagem e desenvolvimento de forma autónoma. Ao nível da “Secondary” existe um espaço de aprendizagem próprio, adaptado às suas necessidades. No centro reside uma forma de organização didática para aprendizagem auto-organizada: o “Gabinete de Aprendizagem”. Os materiais de aprendizagem são providenciados pelos professores sob a forma dos chamados “Módulos de aprendizagem”. Os alunos organizam eles próprios os seus processos de aprendizagem, escolhendo também no gabinete de aprendizagem as áreas disciplinares em que pretendem começar a trabalhar. A estrutura tradicional composta por aulas e horários é substituída por períodos de aprendizagem diários que podem durar várias horas, em grupos de aprendizagem com idades mistas. Reduz-se, desta forma, a fragmentação da aprendizagem e dos processos do pensamento. Cria-se “Tempo” para proseguir um processo cognitivo até ao seu âmago. Os conteúdos dos módulos de aprendizagem seguem predominantemente o Curriculum CIE (Cambridge International Examinations) e o Currículo Interno da Escola.
No entanto, também encorajamos processos conscientes de auto-aprendizagem que vão para além dos módulos de aprendizagem curriculares oferecidos, sempre que os alunos demonstrem um interesse crescente, ou em função do seu próprio conhecimento e aptidões, em determinadas áreas. Assim, os alunos podem, individualmente, iniciar novos módulos de aprendizagem por si mesmos, através das suas aptidões especiais, e participar ativamente neles.
Oferecemos módulos de aprendizagem nas áreas disciplinares de matemática, ciências e línguas. Em música e artes disponibilizamos módulos teóricos, específicos da disciplina, bem como módulos de exercícios práticos que são depois acompanhados pelos professores das disciplinas (música/arte).
No início de cada semana os alunos preparam, juntamente com o seu tutor ou com o professor da disciplina, os objetivos a atingir num determinado período de tempo (aprox. 2 a 4 semanas, consoante a competência de auto-aprendizagem de cada um) relativamente a todas as áreas disciplinares. Na sexta-feira, realiza-se a avaliação de cada semana que passou. Os alunos da “Secondary” estão mais aptos a registar de forma autónoma no seu “Diário de aprendizagem” os seus progressos na aprendizagem. Quando se sentirem preparados para isso, fazem então um teste para se verificar a aquisição das competências, individualmente ou em grupo. Em casos individuais, também pode ser o tutor a estabelecer um prazo para a realização do teste de competências. Para além disto, nos períodos de aprendizagem baseados na realização de projetos, os alunos trabalham questões e desafios próprios.
Na “Secondary” 2, para além da aprendizagem da língua materna que ocupa um grande espaço, é atribuída uma particular importância aos períodos de estudo específico que visam o domínio do inglês (enquanto língua de ensino e do exame), uma vez que este tempo é principalmente usado na preparação para o exame final visando a obtenção do IGCSE [International General Certificate of Secondary Education].