No contexto do seu atual périplo por Portugal, visitando vários projetos, o professor foi convidado pelo Vereador da Educação da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro, para se reunir com os diretores dos agrupamentos de escolas, professores, educadores e pessoas responsáveis pelos diferentes projetos relacionados com a educação no município de Odemira. O objetivo era falar sobre possíveis soluções para ajudar a resolver a situação difícil que se vive nas escolas públicas. As suas palavras foram radicais e comovente: “Uma criança que não quer aprender está doente – ou é a sua escola que está doente. Os alunos do século XXI estão a ser ensinados por professores do século XX, de acordo com leis do século XIX.” Na sua opinião, as aulas são inúteis e prejudiciais; as férias escolares, as turmas, os exames e as notas, tudo isto pertence a um sistema de educação obsoleto; assim como os professores que se encontram sós à frente de uma turma, enfrentando um muro de silêncio. “Nas minhas escolas, todos aprendem – incluindo os professores, incluindo a comunidade. Não existem muros separando da comunidade, e as escolas estão abertas 24 horas por dia, 365 dias por ano.”
No seu segundo dia de visita ao concelho de Odemira, o professor visitou Tamera. Durante a manhã, a equipa da Escola da Esperança teve a oportunidade de ter conversas inspiradoras, falar sobre o processo de legalização da escola e receber alguns conselhos do José Pacheco. Foi um intercâmbio criativo, com muitas ideias para futuras colaborações.
À tarde, num encontro mais alargado, participaram membros da comunidade, alguns educadores e professores e outras pessoas convidadas, pais, amigos e vizinhos de Tamera mostrando interesse pelo tema e pelo professor. Silvie Bossert (professora da Escola da Esperança) deu início à sessão com uma breve apresentação sobre o tipo de pedagogia usada na nossa escola. A seguir, o professor José Pacheco iniciou a sua intervenção com a sua questão clássica: “O que desejais saber?” Mostrando que o que importa (na educação) é responder às questões específicas segundo o interesse do interlocutor (alunos) e não apenas dar respostas a questões que nem sequer foram colocadas. Um espaço foi assim aberto para dar responda às nossas verdadeiras questões. Mais tarde, num círculo menos numeroso com professores e educadores, José Pacheco continuou a partilhar sobre a sua vasta experiência como educador. Estes dois dias foram muito inspiradores e ricos em pensamentos e afirmações radicais, condimentados com o sentido de humor do professor José Pacheco.
Bem haja Professor!