Liberdade e orientação complementam-se mutuamente

A aprendizagem eficaz e livre acontece no equilíbrio certo entre a orientação e a liberdade, o caos e a ordem, o ritmo e a espontaneidade. Os limites e as regras com sentido fornecem o espaço protegido no qual a vida pode desenvolver-se livremente.

Existe uma atmosfera positiva e de concentração para a aprendizagem na sala de aulas através do estudo intensamente mental e espiritual, com conteúdos de aprendizagem empolgantes e um clima de perceção e respeito mútuo. Para que os alunos possam seguir livremente as suas necessidades de desenvolvimento e interesses precisam de um enquadramento claro no qual possam confiar a cada momento.

A par de um acompanhamento humano com base na confiança, uma estrutura espacial e temporal clara dá forma a este enquadramento. Inclui-se aqui uma ordem espacial na qual eles se possam orientar autonomamente, e ritmos recorrentes que continuem a marcar o compasso incessantemente como um batimento cardíaco. Estes dão ao aluno um sentimento básico de estar em segurança e em boas mãos.
Uma qualidade importante é a capacidade de dirigir a atenção e a energia de forma consciente, e criar a vontade de permanecer numa determinada “missão”. No momento em que o aluno encontrou uma tarefa na qual se empenha com toda a sua atenção, surge nele uma força e um desejo que dificilmente poderiam ser produzidos a partir do exterior.

Maria Montessori criou o conceito de “Polarização da atenção”:
“Para Maria Montessori a “polarização da atenção” significa muito mais do que um processo cognitivo para o aumento da capacidade de absorção intelectual. Ela tinha a convicção de que se tinha encontrado aqui uma chave para o desenvolvimento das forças mentais, espirituais e psíquicas: as crianças que vivenciam este processo de concentração uma e outra vez descobrem as suas próprias forças, têm a perceção de si próprias enquanto sujeitos no seu trabalho, tem uma grande capacidade de auto-disciplina e encontram-se a si mesmas.”
 (Horst Klaus Berg – Maria Montessori)

No Espaço de aprendizagem aberto, o professor tem tarefas diferentes das que teria numa forma de ensino instrutivo centrado no professor. É conselheiro e ajudante, especialista em muitas questões e temas, apoiante nos processos de auto-aprendizagem dos alunos. Um espaço de aprendizagem aberto precisa de limites claros e fixos e áreas de responsabilidade, que podem variar em função da idade e da capacidade que cada aluno possui de se responsabilizar. O professor é responsável por este enquadramento e pelos seus limites, e pela forma como toda a aprendizagem decorre.

“Só posso dar às crianças esta grande liberdade porque vejo nelas a sua dimensão divina” (A.S. Neil)